O incrível é pensar como o ego venceu a minha falsa (mas muito viva!) humildade quando decidi criar o blog...aaaaa, sim! Agora, sim!!! Que delícia esse espaço!




terça-feira, 21 de setembro de 2010

Agora que a senha foi lembrada, nao deixo de te escrever por nem um dia!
Nao tenho muito o que dizer hoje. Tô morrendo de sono, estou INCRIVELMENTE IMPRESSIONADA com a sonia hirsch e fiz um maracador de textos lindo com a imagem dela.
Usei uma blusa muito parecida com pintura conteporânea e isso me deixou muito feliz, principalmente porque nunca me senti muito capaz de usar ela e hoje tomei uma coragem enorme de me diferenciar a mim mesma.
Meu sono está me deixando muito feliz! Espero conseguir dormir bem cedo!

Beijos, beijos e beijos (nao entendi porque que eu nao escrevi isso que escrevi no meu caderno particular)
Que saudades de vc, minha almofada colorida!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Meus amores que são o que compõe essa chuva linda,
a humildade é maravilhosa, mas a não humildade tem um lugar essencial e, detalhe: que não é encontrado apenas no desabafo louco e nao menos necessario <------importante------>vejam lavoura arcaica e chorem querendo viver da interpretacao sua e dos demais. Porque, meus queridos ___, interpretar é o que eu faço e o que eu amo nesse meu presente tão mais pleno que qualquer coisa. Quero gente que sinta tesão nessa coisa tão sincera(?)/humana(?)/natural(?).

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Montanha,
existe uma palavra "esporulação" que informa isso : a bactéria "dorme" quando não está em um ambiente favorável.

domingo, 11 de julho de 2010

Minha nossa: que vontade de mergulhar no blog e ir embora em um ano.
Agora, o que eu faço??? Por favor, alguém que eu desconheço, me dê atenção total / me diz como estudar a matemática de forma certa / como entender e gostar, não me sentir pressionada a entender essa coisa que me da tanta pena, tadinha... a matemática foi desmoralizada pelos "mestres".

que vontade de mergulhar em algum cor que viva e sair em um ano. como vai ser em um ano? ai, que delícia um ano daqui. será que lá vou achar lindo seu presente? o futuro não pode mais sofrer tanto trabalho, coitado. coidado, meu deus, eu humilho o futuro em tantos presentes.

Imagina agora eu num lugar lindo, durante um dia de dia em um lugar lindo tipo praça sem fim toda de verde e árvores - sem lago / medo de cair / intervenção da memória de alguns filmes / aliás, sonhei que me afogava essa semana e foi ruim - sem fome / sem menstruação --- e estudando matemática com um dia todo pela frente --- e que esse dia durasse o tempo que eu quisesse e que eu pudesse interrompe-lo e entrar em outra ilusão que seria durmir ou ver filme, mas que fosse contida nesse dia sem noite com um tempo infinito pra entender essa coisa que me deixa tão cheia de dor na coluna por nao conseguir mastigar, e deliciar e sentir descendo pela garganta e se alimentando de mim tmbém, a matemática..

No meio, eu durmia.

No fim, que eu decidia, pulava de um prédio que eu estou e voava - sem ter caído - pruma casa só minha, com parede vermelha barro e azul bem de levinho, estante cheia de livro QUE LEIO QUANDO QUERO E SEM TER QUE MOSTRAR P ALGUÉM : LEIO - pelo amor do deus, quero uma estante cheia de livro por que ela me consumiria, assim como eu a ela, e todos esses fantasmas e eu nos faríamos entender.

Tudo isso sem fome, e tudo isso me entendendo de preferência sem coisa escondendo meu corpr, que não seria mais pobre, e um calor.

A casa seria pequeníssima, e teria cozinha e banheiro e quarto com cama pra durmir com namorado que não é namorado infinido, que pode sumir e reaparecer sem culpa, que nao me sufoque com essa paixão que eu sinto sempre pelo outro. Que seja, só isso. Que seja, que reproduza e que ame, maqs que não seja esse "ter" que todo mundo insiste - aaaaa, o homem é o lobo do homem - e gooosta porque dessa forma acaba com essa fome sexual e violenta que não pode nunca transparecer } transparece sempre através do oposto que se encontra que é, coitado mas que pena do homem e da mulher, a ficçação pelo oposto : se espera o tudo, não? Não se alcança e a loucura pelo vazio aparece em todas as porras das bancas e das escolas.

Isso não é metáfora ---> Eu não quero mais cortina, mesmo que linda e branca: meu deus, EU QUERO uma cobertura altíssima que seja minha casa pequeníssima de parede vermelha e azul bem de levinho, e barros cecília clarisse coperfield demian. Quero tanto a minha Lóri e a entrada sem convite inesperada de outras coisas. Essa história de futuro, meu deus, saiu da minha moda (que agressivo isso, desculpa palavras, mas agora tudo me dá muito medo do sono).

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Incrível o dia hoje: fui um atropelamento.

Queria conseguir chorar fisicamente com mais facilidade, se bem que, bom, é bom ser do jeito que não sei o que que não sou eu, dita.

Tô doida p chegar o dia de amanhã, engraçado isso:
- Travessa
- Almoço
- Vó
- Cristina
- Lagoa
- Estudo
- Dormir pensando que no dia seguinte não terei a escola, novamente (que terrível essa alegria, não?)

Hoje a aula de filosofia foi um doce.
Hoje brinquei bastante com o Marx. Adorei essa parte.
Hoje dormi, UAU, e pretendí estudar nessa parte da noite. Será que é isso que vai acontecer? (não sei mesmo)
Eu descubro todo dia como eu amo o van gogh pendurado na minha parede
Queria que não existisse problema constante nas minhas idas p SP.
Adoro os meus desenhos (que simpático, isso)/ e a minha avó e o meu avô e a minha mãe e a tiana e a minha irmã e a minha tia e eu gosto de gente (caramba!!!)

Queria que quem leu essa, visse o meu quarto.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Nick Drake - been smoking too long

Hoje houve uma grande invasão de formigas.

Hoje eu encontrei uma grande alegria em entender que eu só enchi o saco de certos vícios e que eu quero um dia sem nada que me encha o saco. Um dia comigo e avó, um dia comigo e ibitipoca, um dia comigo e a física me beijando, que delícia.

Hoje a aula de física foi maravilhosa, aliás, e minha outra aula, a do pedro II, me ensinou muito. Pra vc, que lê, ter uma idéia: adorei meu prof de física e enchi o saco do prof de sociologia. Parece um sonho, engraçado.

Hoje não é dia de ouvir nat king, mas é dançanssíssimo com "o mundo é assim".
Eu preciso de um tempo pra mim. Preciso também de espaço, muito espaço.

Diz-se por aí que as formigas representam a solidão. Espero que essa invasão fisicamente real represente uma solidão com espaço e pouca ilusão, que to de saco enchido de gente que eu não entendo e que tem uma situação obrigada: na minha presença.

Que desabafo necessário :)
Obrigada mesmo






Mãos (Augusto dos Anjos)

Há mãos que fazem medo
Feias agregações pentagonais,
Umas, em sangue, a delinqüentes natos,
Assinalados pelo mancinismo,
Pertencentes talvez...
Outras, negras, a farpas de rochedo
Completamente iguais...
Mãos de linhas análogas e anfratos
Que a Natureza onicriadora fez
Em contraposição e antagonismo
Às da estrela, às da neve, ás dos cristais.

Mãos que adquiriram olhos, pituitárias
Olfativas, tentáculos sutis,
E à noite, vão cheirar, quebrando portas
O azul gasofiláceo silencioso
Dos tálamos cristãos.
Mãos adúlteras, mãos mais sanguinárias
E estupradoras do que os bisturis
Cortando a carne em flor das crianças mortas.
Monstruosíssimas mãos,
Que apalpam e olham com lascfvia e gozo
A pureza dos corpos infantis.

Perdoando Deus (Clarice Lispector)

Eu ia andando pela Avenida Copacabana e olhava distraída edifícios, nesga de mar, pessoas, sem pensar em nada. Ainda não percebera que na verdade não estava distraída, estava era de uma atenção sem esforço, estava sendo uma coisa muito rara: livre. Via tudo, e à toa. Pouco a pouco é que fui percebendo que estava percebendo as coisas. Minha liberdade então se intensificou um pouco mais, sem deixar de ser liberdade. Não era tour de propriétaire, nada daquilo era meu, nem eu queria. Mas parece – me sentia satisfeita com o que via.

Tive então um sentimento de que nunca ouvi falar. Por puro carinho, eu me senti a mãe de Deus, que era a terra, o mundo. Por puro carinho mesmo, sem nenhuma prepotência ou glória, sem o menor senso de superioridade ou igualdade, eu era por carinho a mãe do que existia. Soube também que se tudo isso “fosse mesmo” o que eu sentia – e não possivelmente um equívoco de sentimento – que Deus sem nenhum orgulho e nenhuma pequenez se deixaria acarinhar, e sem nenhum compromisso comigo. O sentimento era novo para mim, mas muito certo, e não ocorrera antes apenas porque não tinha podido ser. Sei que se ama ao que é Deus. Com amor grave, amor solene, respeito, medo, e reverência. Mas nunca tinham me falado de carinho maternal por Ele. Assim como meu carinho por um filho não o reduz, até o alarga, assim ser mãe do mundo era o meu amor apenas livre.

E foi quando quase pisei num enorme rato morto. Em menos de um segundo estava eu eriçada pelo terror de viver, em menos de um segundo estilhaçava – me toda em pânico, e controlava como podia o meu mais profundo grito. Quase correndo de medo, cega entre as pessoas, terminei no outro quarteirão encostada a um poste, cerrando violentamente os olhos, que não queriam mais ver. Mas a imagem colava – se às pálpebras: um grande rato ruivo, de cauda enorme, com os pés esmagados e morto, quieto, ruivo. O meu medo desmensurado de ratos.

Toda trêmula, consegui continuar a viver. Toda perplexa continuei a andar, com a boca infantilizada pela surpresa. Tentei cortar a conexão entre os dois fatos: o que eu sentira minutos antes e o rato. Mas era inútil. Pelo menos a contigüidade ligava – os. Os dois fatos tinham ilogicamente um nexo. Espantava – me que um rato tivesse sido o meu contraponto. E a revolta de súbito me tomou: então não podia eu me entregar desprevenida ao amor? De que estava Deus querendo me lembrar? Não sou pessoa que precise ser lembrada de que dentro de tudo há o sangue. Não só não esqueço o sangue de dentro como eu o admito e o quero, sou demais o sangue para esquecer o sangue, e para mim a palavra espiritual não tem sentido, e nem a palavra terreno tem sentido. Não era preciso ter jogado na minha cara tão nua um rato. Não naquele instante. Bem poderia ter sido levado em conta o pavor que desde pequena me alucina e persegue, os ratos já riram de mim no passado do mundo, os ratos já me devoraram com pressa e raiva. Então era assim? Eu andando pelo mundo sem pedir nada, sem precisar de nada, amando de puro amor inocente, e Deus a me mostrar o seu rato? A grosseria de Deus me feria e insultava – me. Deus era bruto. Andando com o coração fechado, minha decepção era tão inconsolável como só em criança fui decepcionada. Continuei andando procurava esquecer. Mas só me ocorria a vingança. Mas que vingança poderia eu contra um Deus Todo – Poderoso, contra um Deus que até com o rato esmagado podia me esmagar? Minha vulnerabilidade de criatura só. Na minha vontade de vingança nem ao menos eu podia encará – lo, pois eu não sabia onde é que Ele mais estava. E que eu, olhando com raiva essa coisa, eu o visse? No rato? Naquela janela? Nas pedras do chão? Em mim é que Ele não estava mais. Em mim é que eu não O via mais.

Então a vingança dos fracos me ocorreu: ah, é assim? Pois então não guardarei segredo, e vou contar. Sei que é ignóbil ter entrado na intimidade de alguém, e depois contar os segredos, mas vou contar – não conte, só por carinho não conte, guarde para você mesma as vergonhas dele – mas vou contar, sim, vou espalhar isso que me aconteceu, dessa vez não vai ficar por isso mesmo, vou contar o que ele fez, vou estragar a sua reputação.

... Mas quem sabe, foi porque o mundo também é rato, e eu tinha pensado que já estava pronta para o rato também. Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria – e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque eu me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa. É porque sou muito possessiva e então me foi perguntado com alguma ironia se eu também queria o rato para mim. É porque só poderei ser mãe das coisas quando puder pegar um rato na mão. Sei que nunca poderei pegar num rato sem morrer de minha pior morte. Então, pois, que eu use o magnificat que entoa às cegas sobre o que não sabe nem vê. E que eu use o formalismo que me afasta. Por que o formalismo não tem ferido a minha simplicidade, e sim o meu orgulho, pois é pelo orgulho de ter nascido que me sinto tão ìntima do mundo, mas este mundo que eu ainda extraí de mim de um grito mudo. Porque o rato existe tanto quanto nós mesmos, à distância nos iguala. Talvez eu tenha que aceitar antes de mais nada esta minha natureza que quer a morte de um rato. Talvez eu me ache delicada demais apenas por que não cometi os meus crimes. Só porque contive os meus crimes, eu me acho de amor inocente. Talvez eu não possa olhar o rato enquanto não olhar sem lividez esta minha alma que é apenas contida. Talvez eu tenha que chamar de “mundo” esse meu modo de ser um pouco de tudo. Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho de minha natureza? Enquanto eu imaginar que “Deus” é bom só porque eu sou ruim, não estarei amando a nada: será apenas o meu contrário quero chamar de Deus. Eu, que jamais me habituei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu. Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado e o jogo de minha vida maior não se fará. Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe.